Um pouco de eletrônica, um pouco de tecnologias inovadoras como impressoras e scanners 3d, cortadoras a laser e o que mais aparecer, incrementado com um pouco de marcenaria também e talvez por que não costura? Junte tudo isso com extremas doses de criatividade e leves vislumbres de uma saudável loucura movida à paixão pelo novo: Com essa receita, você cria o Movimento Maker. Nesse post viemos falar do impacto deste estilo de vida que preza pela abordagem mão na massa e formas novas de resolução de velhos problemas, Confira!
Se antes os inventores e gênios eram restritos aos seus quartos — ou até às garagens de suas casas —, incompreendidos e sozinhos, hoje a era digital aproxima os criadores em espaços de compartilhamento de informações e ferramentas, potencializando resultados.
Primeira Edição da revista Make, a revista é responsável pelo termo “maker”.Tanto em plataformas na internet quanto em espaços coletivos, o modelo colaborativo tão presente nas atuais gerações tem contribuído muito para que a criatividade aplicada ganhe espaço. Apoiado em características como a tecnologia e a coletividade, esse movimento tem sido considerado como a “Nova Revolução Industrial” e é composto por engenheiros, estudantes, professores, grupos de artistas, empresários e qualquer pessoa interessada em colocar suas ideias para funcionar.
Essa união é o que dá força e faz crescer o “movimento maker”, o movimento criador, iniciado em 2005 e incentivado com o lançamento da revista americana Make, cujo executivo foi o mesmo que trouxe ao mercado o conceito de web 2.0 — focado no compartilhamento de informações de maneira interativa e colaborativa.
A tendência já foi até tema no cinema, com o filme “Print the legend (Imprima a Lenda)”, lançado em 2014. Na obra, é clara a proposta de uma revolução na economia por meio do “faça você mesmo” e da filosofia de comunidade vista nos modelos Linux de sistema operacional. Na abordagem estão conceitos inovadores como “open source” (ou a reprodução livre e gratuita, adaptável para diversos fins), fabricação local, manufatura digital e financiamento coletivo.
O documentário mostra o impacto sobre o movimento criador na sociedade: quando a paixão alimenta uma transformação, ela é forte e irreversível. Grandes personagens reais dão seu depoimento e deixam claro que o entusiasmo pela tecnologia, especialmente pelas possibilidades da impressora 3D, pode mover o mundo.
Laboratórios de Garagem
Invenções são a forma última da criatividade e a materialização disso depende de profundos conhecimentos, além de suportes materiais e tecnológicos. Encontrar tudo isso em um espaço colaborativo é o passo mais importante para tornar realidade o sonho de materializar uma ideia.
Os “hackerspaces” e “makerspaces” são espaços físicos equipados com máquinas de fabricação digital e estão reunindo adeptos e, se depender da vontade desse grupo, as filosofias aplicadas a poucos ou escassos recursos dão vida à obras de maravilha tecnológica.
Em todo o mundo é crescente a organização de espaços como os chamados de FabLabs, com o objetivo de democratizar o uso da fabricação digital e estimular a inovação mesmo por quem não tem conhecimento técnico em um ambiente amigável e acima de tudo, livre.
Embora mais expressivos em países desenvolvidos, eles começam a chegar na América do Sul, cujo país de destaque é o Brasil, com unidades em São Paulo, Brasília, Porto Alegre Recife e até em Santa Catarina. Na capital paulista, por exemplo, a discussão já está mais avançada e a proposta já se tornou política pública — alguns laboratórios municipais já estão abertos para testes.
Nesses ambientes compartilhados, equipamentos tradicionais como cortadoras a laser, máquinas de costura, furadeiras, lixadeiras e mesas de marcenaria são instaladas ao lado de tecnologias inovadoras, como impressoras 3D. A riqueza da oportunidade está não só no acesso aos recursos, mas no conhecimento dos outros makers que dividem aquele mesmo espaço.
Assim, inventores estão se unindo para experimentar e cooperar mutuamente, além de absorver e distribuir conhecimento em redes conectadas à internet, amplificando o poder de realização desse modelo. Essa é a essência da cultura maker: um ecossistema alimentado por comunidades espalhadas em diferentes locais do mundo, engajadas em aprender, ensinar, fazer e compartilhar.
A impressora 3D é a vedete do movimento criador
Sem desmerecer outras tecnologias, as impressoras 3D são elementos essenciais no movimento Maker, porque transfere às pessoas a capacidade de materializar uma ideia e imprimir algo tangível, com forma, profundidade e, com dedicação, excelente acabamento.
Um ambiente com ideias compartilhadas nutre ainda mais ideias!A chamada manufatura aditiva, que permite criar modelos digitais para que sejam produzidos, camada a camada, ganhando forma e profundidade a partir da impressão 3D é, realmente, um diferencial nos espaços colaborativos de criação.
O uso de materiais diversos nos equipamentos de fabricação 3D combina muito com a filosofia da cultura maker porque ela não só valoriza a capacidade de criação e de realização do indivíduo e o compartilhamento de conhecimentos, como foca o uso de materiais alternativos muitas vezes ignorados pela indústria.
É inegável que as impressoras 3D estão impulsionando a inovação em ramos como design industrial, engenharia, educação, medicina, moda e acessórios. A transformação gerada por essa tecnologia já é vista nas linhas de produção de empresas, mas agora é hora também para ser o fio condutor da mudança cultural com foco na criação de soluções por qualquer pessoa.
Todos podemos ser Makers
Nem só de makerspaces e FabLabs vive o movimento maker! Nada impede que qualquer pessoa tenha, em sua casa, equipamentos e materiais que permitam concretizar sua imaginação. A vocação do brasileiro para a engenhosidade e a criatividade é reconhecida no mundo inteiro, especialmente nas manifestações culturais.
Mais que talento, o que vale é a vontade de ser produtivo e a capacidade de utilizar técnicas e tecnologias em prol disso. Os campos para atuação independente, mesmo que com o auxílio de toda informação disponibilizada na internet, são diversos: marcenaria, eletrônica, programação, costura, mecânica, robótica e design.
Com a redução do custo e a consequente popularização das impressoras 3D, as possibilidades de criação passaram a estar disponíveis não só para profissionais, mas também para amadores e entusiastas.
Aqui não cabe a comparação com os resultados obtidos em um espaço coletivo de criação. Tudo tem seu valor. Tudo começa de alguma forma e, empolgar com produções menores e individuais, na sala de casa, certamente é um bom começo para a perenidade da cultura maker.
É muito válido ter os primeiros experimentos em casa, utilizando equipamentos como uma impressora 3D de baixo custo para produzir peças de substituição para eletrodomésticos, capas para celulares, caixas organizadoras, brinquedos, objetos de decoração. Enfim, toda produção que tenha alguma utilidade, mesmo que lúdica, conta ponto para consolidar a filosofia de fazer você mesmo.
O futuro do movimento Maker
Com a revolução Maker, quando um adepto for repaginar a sala de casa com alguns objetos de decoração novos, em vez de ir a uma loja, ele poderá entrar em uma plataforma colaborativa de design 3D, baixar os arquivos, adaptar uma coisa aqui ou ali, escolher o material adequado para o objeto e dar o comando para que seu próprio equipamento construa a peça.
Outra opção, caso o desejo seja de uma matéria-prima mais refinada e cara para aquisição em pequena quantidade, será entrar em sites disponibilizados por empresas que produzem objetos em 3D com fino acabamento. Após selecionar o objeto que mais combina com a sala, a encomenda poderá ser feita e a compra será encerrada com o link para um meio de pagamento digital. Depois, só aguardar alguns poucos dias para a entrega do produto.
O movimento maker, aliado à impressora 3D, está provocando uma mudança radical na forma como empresas, profissionais, empreendedores, estudantes e pessoas que querem apenas se dedicar a um hobby se relacionam com as novas tecnologias.
Não é sobre o que a tecnologia pode fazer, mas sim sobre o que nós, juntos, conseguimos alcançar para a humanidade. Portanto, não tenha medo de arregaçar as mangas, realizar projetos com amigos e acima de tudo entender que o problema não é falhar, é não tentar.
Você é criativo e gosta de inventar? Quer ser parte desse movimento e fazer você mesmo algo que possa ser útil para alguém? Comente aqui suas impressões sobre a cultura maker e não deixe de se inscrever na nossa newsletter para mais conteúdos como este!